sexta-feira, 22 de maio de 2009

Já faz tempo...

Que eu me colocava debaixo da figueira da chácara da minha vó no Cambuci em SP, era uma chácara belíssima, tinha patos, galinhas,gatos e no fundo ficava a casa do tio Jaime em meio a pintagueiras árvores do nome do bairro, que tinha churrasco nos eventos familiares, conversas fiadas, final da ditadura, 1985 precisamente, brincava a infância e a brindava com crush que o tio Jaime saia com os cruzeiros amassados na mão por pedidos da minha saudosa avó e pelo meu saudoso pai, hoje, já não há mais esta chácara no Cambuci, hoje, construiram prédios no terreno em que eu andava e corria em meio aquela florestinha e aqueles caminhos "estilo" trilhas de veredas, com um pequeno lago artificial, verdejantes e pastagens com gramínias onde um dia eu sonhara em colocar ali, cavalos de sonhos interrompidos por relógios que me alertavam sobre o tempo de despertar.
Tempos estes, que arrancaram minha inocência e o prazer de ver tudo em cores, o prazer de um dia ter em meio ao coração de pedra da cidade, aquele calor dos campos e dos serrados, daquela aventura de ter macaquinhos nas arvores do bairro, saltitando entre as copas das arvores frutiferas, hoje, eles estão no museu do ipiranga, proximos a casa do grito, os tempos manipulados por pessoas sem coração que tiraram meu direito de por acento nas palavras e ler Machado no original, que tiraram o direito de se ter a beleza da infancia, ou o direito de ser um adulto com pureza de menino, os tempos manipulados me ofereceram um medo de se estar na rua jogando bola ou correndo, tocando campainha e nos divertindo, este tempo que se vendeu não fora somente o meu, mas o nosso tempo, nos tiraram perspectivas, deram-nos a agonia de ser nascido d uma pátria maldita que vendeu seu tempo e sua voz, vendeu sua força e sentimentos, se entregou ao tráfico e que agora vive prostituta.

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